A chegada da Caravana das Alembranças no Maranhão foi marcada por muita alegria e capoeiragem dentro do encontro “1ª Quem nunca Viu Venha Ver”, organizado pela coletiva “Quem Nunca Viu Venha Ver” e Mestra Samme em São Luís do Maranhão. Fomos acolhidas no espaço histórico do Ponto de Cultura Laborarte, um casarão com mais de 50 anos de trabalho de fortalecimento da cultura popular maranhense.

Passamos o mês de julho ouvindo histórias da ilha de Upaon-Açu, nome ancestral da cidade, e saudamos o povo Tupinambá, Guajajara, Teneteara e Tikuna, verdadeiros donos dessa terra que foi invadida e que hoje é chamada Maranhão. Os Guajajara são um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil. Habitam mais de 10 Terras Indígenas na margem oriental da Amazônia, todas situadas no Maranhão. Sua história de mais de 380 anos de contato foi marcada tanto por aproximações com os brancos como por recusas totais, submissões, revoltas e grandes tragédias.

Abrimos a roda no Laborarte para compartilhar uma brincadeira que semeia florestas no imaginário de crianças e adultes, fortalecendo a memória e identidade, reverenciando e homenageando nossas mulheres guerreiras, caçadoras e lideranças de suas comunidades! Nossa apresentação aconteceu na Manhã dos Erês, dentro da programação feita para a criançada junto com a oficina da Mestra Brisa do Mar, Mestra fundadora do movimento de capoeira mulheres do mar de Salvador-BA. Foi um encontro potente de mulher mandingueiras, que compartilham da necessidade de desconstrução das “verdades” que nos contaram sobre a história do Brasil. Só trocando as mãos pelos pés pra entender… nossa história não começou em 1.500 e esse buraco é muito mais profundo…

A Fabulosa história da onça alembrada” é uma celebração do corpo-coletivo ancestral, é fruto de um processo profundo de retomada de identidade que está acontecendo em todo o Brasil e América Latina, entre povos originários, tapuias, pardes, mestiçes, caboclas, cafuzas, mamelucas e tantas outras vãs tentativas de nos enquadrarem em conceitos colonizadores. A brincadeira para nós é nossa principal arma de luta e resistência simbólica frente a hegemonia do patriarcado branco, eurocêntrico e colonizador.

Aqui no Laborarte celebramos a força de Mestra Samme e seus mais de 30 anos de capoeiragem. Salve Mestre Sapo! Salve Mestre Patinho! Salve Mestra Elma! Salve Mestra Samme! E todo o tronco de angola no Maranhão!

Fui no pé da jurema

peguei uma semente de lá

trouxe ela comigo

e plantei em outro lugar”

( Corrido de capoeira aprendido com Mestra Di)